BIOPROTOMATE - Bioprotecção de Tomateiro contra a fusariose
BIOPROTOMATE - Bioprotecção de Tomateiro contra a fusariose

O PROJETO

Objectivos

Pretende-se com o presente projeto demonstrar que pela alteração do calendário de algumas das operações culturais, associada à introdução de uma cultura de cobertura durante o período de Inverno, se pode conseguir a micorrização precoce do tomateiro pelos fungos endomicorrízicos arbusculares (AMF) nativos do local e assim conferir-lhe um apreciável grau de bio-protecção contra o Fusarium, favorecendo a produção (até mais 20%).

Este projeto permitirá assim disseminação e difusão de novos conhecimentos e tecnologias gerados no âmbito da investigação previamente desenvolvido pelo grupo de trabalho.

Enquadramento

A produção de tomate para a indústria representa uma relevante componente agrícola na região do Alentejo e Ribatejo. Contudo um importante condicionante à produção tem sido o ataque por um fungo fitopatogénico do solo, o Fusarium oxysporum, para o qual não se dispõe de formas de controlo químico ambientalmente aceitáveis nem variedades de tomate totalmente resistentes.

As perdas de produção causadas por desta doença podem representar até 90% da produção em zonas temperadas (Singh e Kamal, 2012).  Formas de controlo alternativas, económica e ambientalmente viáveis, revestem-se assim de extrema importância para os produtores. A colonização precoce por fungos endomicorrízicos arbusculares (AMF) pode constituir uma alternativa segura e sustentável.

A estratégia da bioprotecção

A instalação de uma cultura de cobertura durante o período de Inverno, permite desenvolver no solo uma rede de micélio extra-radicular dos AMF nativos do solo, que se mantida intacta, pode funcionar como principal fonte de inóculo para o tomate que lhe sucede. Deste modo, é favorecida a colonização micorrízica mais precoce e rápida do tomateiro, conferindo-lhe melhor bio-protecção contra o Fusarium. Para além disso, a cultura de cobertura poderá ainda contribuir com outros benefícios para o sistema, nomeadamente o enriquecimento do solo em matéria orgânica, a redução dos riscos de erosão do solo ou o favorecimento de outros micróbios benéficos.

Em termos práticos esta estratégia é facilmente aplicável em situação de campo na cultura do tomate, bastando para tal algumas adaptações da tecnologia agronómica normalmente adoptada. Será necessário uma antecipação das operações de descompactação do solo (logo após a colheita), seguida da armação do terreno e introdução de uma cultura de cobertura durante o período de Inverno. O controle da cultura de cobertura não pode ser feito por mobilização do solo para que a rede de micélio extra-radicular AMF permaneça intacta e capaz de funcionar como fonte preferencial de inóculo para a cultura seguinte, o tomate. O controle da cultura de cobertura deve, portanto, ser feito com um herbicida, cerca de um mês antes da plantação do tomate. Ainda assim, pode haver necessidade de passagem superficial de uma grade para destroçar resíduos da cultura de cobertura e alisar o camalhão antes da plantação do tomate.

A escolha da cultura de cobertura

De acordo com a experiência resultante de trabalhos prévios optou-se por uma gramínea, a aveia, em extreme. A outra opção consistiu numa consociação de aveia e colza. Apesar de a colza se tratar de uma planta não microtrófica (Família das Brassicaceae), os seus exsudados radiculares têm um importante efeito nematicida, sendo que para além do Fusarium, os nemátodes são outro dos problemas frequentes em campos de tomate.

A inclusão de leguminosas como cultura de cobertura não constituiu uma opção uma vez que são elas próprias hospedeiras de Fusarium, fazendo incorrer no risco de aumentar o inóculo deste fungo fitopatogénico no solo ao invés de contribuir para o seu controlo.

Resultados esperados

A colonização precoce e mais rápida das plantas de tomateiro decorrente do micélio intacto de AMF previamente desenvolvido no solo pela cultura de cobertura, deverá reduzir a incidência de Fusarium no tomateiro. Para além disso, outros benefícios decorrentes da cultura de cobertura poderão refletir-se na cultura principal, fazendo com que globalmente se possam atingir maiores produções.

Durante o período de crescimento das plantas (cultura de cobertura e tomateiro) estão previstas atividades de divulgação que permitirão acompanhar os vários aspetos do desenvolvimento das culturas assim como as várias operações culturais que lhes estão associadas.

Devido à situação pandémica que vivemos, os dias abertos com agricultores não assumirão a importância inicialmente prevista. Assim, este site criado para acompanhamento do projeto será o principal veículo de divulgação e disseminação de informação. Está prevista a publicação de vários tipos de informação e imagens que serão regularmente atualizados. A divulgação do presente projeto será também realizada através das redes sociais.

Raiz colonizada por fungos micorrízicos arbusculares. Crescimento intercelular de hifas e arbúsculos no interior das células (ampliação de 200 X).

Raíz colonizada por fungos micorrízicos arbusculares (ampliação de 200 X). Pelo radicular (PR) e micélio extra-radicular (ERM).  O ERM ramifica-se e é mais longo e fino que os pelos radiculares, permitindo explorar um maior volume de solo.

Cultura de cobertura